Tudo começa na Páscoa. Essa não é apenas uma frase de efeito, mas uma realidade espiritual. A Páscoa é a primeira festa do calendário bíblico, instituída por Deus como ponto de partida para um novo tempo. É dela que nascem as outras celebrações ordenadas por Ele, como Pentecostes e Tabernáculos. Por isso, entendê-la é compreender o princípio da nossa fé e a base da nossa identidade espiritual. No original hebraico, o termo "Pessach" significa “passagem” — uma travessia de um tempo de escravidão para um tempo de liberdade, de escuridão para luz, de morte para vida.
No livro do Êxodo, quando Faraó resistiu em libertar o povo de Deus, uma última praga foi anunciada: a morte dos primogênitos. Mas Deus instruiu Moisés e os hebreus a sacrificarem um cordeiro, sem defeito, e aspergirem seu sangue nos umbrais das portas. Esse sinal marcaria as casas dos que criam, e quando o anjo da morte passasse, pouparia essas famílias. Naquela noite, muitos egípcios e até estrangeiros que ouviram a palavra de Moisés creram e obedeceram — e foram poupados. Foi o início da libertação.
Esse cordeiro, que salvou vidas naquela noite, apontava para Jesus, o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Por isso, o Cordeiro Pascal é muito grande — e hoje, o compartilhamos não apenas com nossos lares, mas com outras famílias, nas células, nas igrejas, nas casas. Cristo é suficiente para todos.
A urgência de Deus
Deus deu instruções claras para aquela noite: o cordeiro deveria ser comido apressadamente, com pães asmos, sem fermento, pois não haveria tempo para esperar a massa crescer. Era preciso pressa. Essa urgência não era apenas logística — era profética. Deus tem pressa em agir. Tem pressa no nosso milagre. Tem pressa em salvar nossas famílias. Mas muitas vezes, somos nós que nos demoramos, que hesitamos, que olhamos para trás como a mulher de Ló, presa à nostalgia de Sodoma, e por isso somos atingidos por aquilo que já deveríamos ter deixado.
A Páscoa, então, fala de prontidão. Deus tem pressa — e quer que estejamos prontos para avançar com Ele.
A memória que forma identidade
A Páscoa também é um memorial. Um lembrete geracional da fidelidade de Deus. Ele ordenou que fosse contada de pais para filhos, de geração em geração. Não é apenas um ritual — é a construção da identidade do povo de Deus. Quem não tem memória, não tem identidade. Por isso, quando esquecemos o que Deus fez, nos tornamos vulneráveis à perda de propósito.
Páscoa é identidade. Quando trocamos os símbolos bíblicos por elementos comerciais — como o coelho ou o ovo de chocolate — perdemos o foco e a essência. O cordeiro é central. Os pães sem fermento, as ervas amargas, tudo tem um significado profundo. As ervas amargas lembram o tempo de amargura e escravidão; o pão sem fermento, a urgência da saída; o cordeiro, o sacrifício que redime. E ainda que um ovo estivesse presente na ceia tradicional judaica, ele não tem qualquer relação com os ovos comerciais cheios de açúcar e sem sentido espiritual.
Não se trata de pecado ou não — trata-se de identidade. Qual símbolo você quer carregar? O cordeiro ou o coelho? O pão sem fermento ou o chocolate? Páscoa não é sobre doçura: é sobre passagem, sacrifício, aliança e redenção.
A promessa da passagem
Para os cristãos, a Páscoa não é apenas uma lembrança da saída do Egito — é a nossa própria história de salvação. João Batista, ao ver Jesus se aproximar, declarou: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1:29). Essa declaração revelou que o Messias havia chegado como cumprimento da promessa. Isaías 53:7 já havia profetizado: "Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca. Como cordeiro foi levado ao matadouro e, como ovelha muda diante dos seus tosquiadores, ele não abriu a boca."
Jesus é o nosso Cordeiro Pascal. Ele foi imolado por nós. E assim como o sangue nos umbrais protegeu os hebreus, o sangue de Cristo cobre hoje as nossas casas, nossas vidas, nossas famílias. "Creia no Senhor Jesus e você será salvo — você e toda a sua casa" (Atos 16:31).
A Páscoa é também uma porta para o Pentecostes. Só vive a plenitude do Espírito Santo quem passou pela cruz. A festa da colheita, do derramar do Espírito, só vem para quem primeiro experimentou o sacrifício, o sangue e a obediência. Por isso, a Páscoa é passagem — e não há colheita sem cruz.
Uma fé viva e consciente
Finalmente, a Páscoa nos chama a uma fé madura. Não se trata de criticar quem come ovo de chocolate ou quem celebra de forma diferente. A Bíblia nos ensina, em Romanos 14:23, que tudo o que não provém da fé é pecado. A questão não é o alimento em si, mas a consciência com que vivemos. A nossa fé precisa ser viva, prática, sensata e cheia de amor. E, acima de tudo, uma fé que honra as raízes da salvação.
A Bíblia afirma que, em Cristo, fomos enxertados na oliveira. Os gentios se tornaram participantes das promessas e alianças feitas a Israel. Efésios 3:6 declara que somos "coerdeiros, membros do mesmo corpo e coparticipantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho." E por isso, oramos por Israel, abençoamos o povo da aliança, e honramos as origens da nossa fé.
Celebrar a Páscoa é lembrar de onde viemos, reconhecer quem nos libertou e viver de forma digna daquele que foi imolado por nós. Não é um ritual vazio. É uma celebração de identidade, de memória e de aliança. O verdadeiro sentido da Páscoa está no Cordeiro — e Ele vive.
Continua...
Ap. Gustavo Mota
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